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O papel da contabilidade em 2015


DIOGO CHAMUN Presidente do SESCON-RS

Há algum tempo, o contador era chamado de “guarda livros”. Essa denominação surgiu, muito provavelmente, porque uma das suas principais atribuições estava em justamente arquivar (ou guardar) livros e documentos. O trabalho, altamente mecanicista, exigia pouca especialização e quase nenhum conhecimento científico. Com o passar do tempo, seu trabalho ficou voltado, quase que exclusivamente, em atender as exigências legais. Nos bastidores, os profissionais contábeis comumente passaram a ser chamados de “darfistas”, visto sua principal atribuição que era a de preencher guias. Nesta época, possuía uma postura reativa, quase sem interação com o empresário, atendendo praticamente só o fisco. Como consequência disso, ele pouco agregava ao negócio do cliente. Esse papel meramente burocratico, criou o estigma da contabilidade como um custo obrigatório e de pouca importância na gestão das empresas. Mas esse panorama vem mudando gradativamente. A melhor qualificação dos profissionais e a necessidade das empresas em ter informações como ferramenta fundamental de gestão, fez com que a contabilidade hoje seja ferramenta estratégica nas organizações. A tecnologia tem sido um agente preponderante na mudança de atuação da empresa contábil. Se antes o nosso compromisso era de apenas lançar e gerar as guias, hoje essa digitação praticamente se extingue. A implantação da Nota Fiscal Eletrônica, bem como a necessidade de informação na EFD – Escrituração Fiscal Digital, inviabiliza o lançamento manual devido ao grau de detalhamento necessário para cumprir a obrigação. Com esta nova realidade, as organizações contábeis, precisam se adequar a uma postura mais ativa e reestruturar seus quadros de colaboradores, com mais consultores e menos “digitadores”. Além disso, se tornam necessários outros serviços relacionados a área contábil, que irão agregar valor ao cliente, entre eles o jurídico, a consultoria, o financeiro e o RH. Em 2015, apesar da obrigatoriedade ser somente para 2016, a implantação do e-Social exigirá uma atuação forte das organizações contábeis. Elas terão que, além de se estruturar com equipe e treinamento, capacitar seus clientes, já que as principais mudanças ocorrerão nas rotinas das empresas contratantes. O próximo ano nos reserva também a Resolução 1445/13 do CFC, vigente desde 2014. Essa normatização obriga o profissional/organização contábil a informar ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) as operações suspeitas de lavagem de dinheiro dos seus clientes no prazo de 24 horas. Em não ocorrendo situações suspeitas, deverá ser entregue uma declaração negativa já em janeiro de 2015. A Escrituração Contábil Digital (ECD), também conhecida por Sped Contábil, é outra obrigação que deverá ser cumprida em 2015 por mais um grupo de empresas. Ela passa a valer para as empresas do Lucro Presumido que distribuírem lucros em 2014 no valor superior a base de cálculo do Imposto, diminuída de todos os impostos. Outra obrigação que deverá ser entregue em 2015, em substituição a DIPJ - Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica, é a Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Ela deverá ser transmitida pelas empresas do Lucro Real e Presumido, com as informações que compõe a base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Diante desse cenário, as organizações contábeis precisam se qualificar para atender essas novas obrigações. Porém o desafio é maior, já que, segundo os economistas, 2015 será um ano de baixo crescimento e inflação alta, fatores que exigem ainda mais o fortalecimento da gestão nas empresas e para isso o segmento contábil cumpre (ou pode cumprir) um papel fundamental.

SESCON-RS - 19/12/2014 - Assessoria de comunicação


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